Sensor de glicemia: verdades e mito

Sensor de glicemia: verdades e mito

Os sensores de glicemia foram desenvolvidos para ajudar e facilitar o controle do diabetes, utilizam uma tecnologia que mede a glicose do fluido intersticial embaixo da pele, diferente da glicemia capilar (ou ponta-de-dedo) que mede a quantidade de glicose no sangue. A presença de glicose no subcutâneo gera uma reação, que é convertida em um sinal eletrônico, o sensor utiliza este sinal para produzir os valores de glicose.

Atualmente existem 2 tipos de sensores disponíveis no Brasil:

  1. Enlite (Medtronic): faz parte do sistema de monitoração contínua de glicose ligado a bomba de insulina. O sensor está ligado a um transmissor, formando um conjunto que é fixado à pele por um adesivo, em local separado da bomba de insulina. O sensor mede a glicose continuamente e o transmissor envia, por radiofrequência, a média das leituras cada 5 minutos para a bomba de insulina, os valores são mostrados no visor e setas indicam a tendência de oscilação da glicose.

2. Freestyle Libre (Abbott): O sensor é acoplado ao transmissor de cerca de 3,5 cm, que capta os valores glicose no líquido intersticial minuto a minuto. As informações são armazenadas e transmitidas, por rede sem fio, para um leitor portátil, quando este é passado ou “escaneado” sobre o sensor, mostrando o valor da glicose medida no momento. O leitor também mostra a direção da glicose, por meio de setas, se há tendência a hipoglicemia ou hiperglicemia.

As maiores diferenças entre os dois sensores são em relação ao tempo de duração, custo mensal e necessidade de calibração pela glicemia capilar . O Enlite (Medtronic) dura 6 dias e o preço de 1 caixa com 5 sensores ( suficiente para 30 dias) é próximo a R$2.000,00 por mês. Precisa ser calibrado com a glicemia capilar, pelo menos 3 vezes ao dia, preferencialmente em perídos de menor variação glicêmica. O Freestyle Libre (Abbott) tem duração de 14 dias e a caixa com 2 sensores custa cerca de R$480,00. Não precisa de calibração diária.

A verdade é que ambos sensores tem boa precisão, o Enlite (Medtronic) quando aplicado corretamente, com boa hidratação no subcutâneo e calibrado de forma adequada; ou seja, com 3 medidas da glicemia capilar e em períodos de menor variabilidade da glicemia, mostra uma boa relação entre as medidas mostradas pelo sensor e a glicemia real, medida pelo glicosímetro. Como os valores são mostrados no visor da bomba de insulina, seu uso é limitado à pessoas com diabetes tipo 1 em uso de bomba de insulina. Da mesma forma, Freestyle Libre (Abbott), se aplicado corretamente, tem ótima precisão. Como tem um leitor independente, pode ser utilizado por pessoas com diabetes tipo 1 que aplicam insulina com caneta, seringa ou mesmo em uso de bomba de insulina, e também por pessoas com diabetes tipo 2, em uso de insulina ou medicação oral, e gestantes.

O maior mito criado em torno do uso dos sensores é que eles permitem a tomada de conduta, sem a verificação da glicemia capilar. Isto não é verdadeiro, a pessoa com diabetes em uso do sensor de glicose tem acesso os dados gerados a qualquer momento, no visor da bomba ou no leitor do sensor, mas deve confirmar a exatidão deste valor pela glicemia capilar e, a partir desta medida da glicemia capilar, tomar uma conduta para evitar hipoglicemia ou a persistência de valores elevados de glicemia por longos periodos.

Ambas empresas fabricantes afirmam que seus produtos auxiliam no controle glicêmico por mostrarem tendências na flutuação da glicose, permitindo o melhor controle do diabetes, o que é verdade, pois quando usado de forma correta, o sensor de glicose vai contribuir para o controle mais adequado do diabetes, diminuindo o risco de hipoglicemia e tempo em hiperglicemia, impactando diretamente na melhora da hemoglobina glicada.

Outras tecnologias têm sido acopladas ao uso do sensor, são aplicativos que disponibilizam os resultados captados pelo sensor de formas diferenciadas, como o Glimp e o Nightscott. O Glimp é um aplicativo para smartphones com NFC (Near Field Communication), que auxilia no gerenciamento do diabetes, por ser compatível com Freestyle Libre (Abbott) faz a leitura dos resultados da glicose diretamente do sensor, sem a necessidade do leitor. Também permite a inclusão de valores de glicemia capilar, quantidade de carboidratos consumidos por refeição, quantidade de insulina aplicada, início e termino de atividade física e como está integrado ao Dropbox, viabiliza a monitoração remota da glicose. O Nightscott (ou monitoração contínua de glicose na nuvem) é um projeto de código aberto, do tipo faça-você-mesmo (DIY: Do it by yourself), que permite acesso em tempo real a dados de monitoração do sensor via website pessoal ou aplicativos disponíveis para smartphones. A princípio o Nightscout foi desenvolvido por pais de crianças com Diabetes Tipo 1, com o objetivo de possibilitar o monitoramento remoto, pois ao transmitir as leituras de glicose para a internet, permite que outro dispositivo conectado à rede visualizer os números em tempo real. Também aceita a inclusão de outras informações como: valores de glicemia capilar, quantidade de carboidratos consumidos por refeição, quantidade de insulina aplicada, início e termino de atividade física.

A tecnologia tem se tornado uma aliada no tratamento do diabetes, precisamos saber como utilizá-la, para reveter as informações disponibilizadas em melhor controle glicêmico.

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